As primeiras constelações que foram definidas e nomeadas, em torno dos 6 mil anos antes de Cristo, foram Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes, no intento do homem acompanhar a sucessão das estações.
As pessoas nesse tempo, por exemplo, no dia de equinócio de Primavera (dia em que a duração do Sol acima do horizonte é a mesma que abaixo – duração do dia igual ao da noite) observavam que no pôr do Sol, a constelação que ascendia no Leste era Sagitário, enquanto o Sol estava no signo de Gêmeos. Assim como agora ascende a constelação Virgem (Signo de Libra), quando o Sol entra em Áries anunciando a Primavera (no Hemisfério norte).
Através do tempo, em função do movimento retrógrado do ponto Vernal (ponto Zero do signo de Áries) devido ao movimento de precessão do eixo da Terra, os quartetos de constelações que anunciam as estações foram mudando, depois do quarteto Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes vejo: Touro, Leão, Escorpião e Aquário, depois Áries, Caranguejo, Libra e Capricórnio e agora que o ponto vernal esta no inicio de Peixes: Peixes, Virgem, Gêmeos e Sagitário.
6 mil anos atrás o Sol no equinócio cursava a Constelação de Gêmeos, sincrônico com o desenvolvimento da comunicação escrita e falada.
Mesopotâmia
Nas tabuas Mul-Apim, a Constelação de Gêmeos aparece como Mas-tab-ba-gal-gal em sumério: Os Grandes Gêmeos.
Esta denominação se inspira no casal de deuses Lugalgirra e Meslamtea, considerados deuses do mundo dos mortos, entre outras funções eram os guardiões da entrada. São conhecidos também como Lugal-irra e Meslamta-ea.
Existem documentos antigos (Epopeia de Gilgamesh) que sugerem outra versão da constelação de Gêmeos, quando na mesopotâmia no outono ascendia a constelação de Gêmeos, ao amanhecer, entre duas montanhas que eram tidas com o fim do mundo conhecido. O Sol pensavam eles, ascendia todos os dias, trás estas montanhas saindo dos fundos da Terra. Este lugar se encontrava nos limites do mundo conhecido e era defendido por legendários Homens-escorpião.
Esta constelação é mencionada na Epopeia de Gilgamesh, a obra mais antiga da humanidade, provavelmente referindo-se a um tempo em que ela anunciava o outono, e quando o Sol estava nela, a constelação de Sagitário ascendendo entre as montanhas anunciava a Primavera.
No Gilgamesh, o herói tem que atravessar este lugar na sua busca da imortalidade, que o levará a visitar a Utanapishtin, o Noé sumério:
O nome desta Montanha
Era Os Gêmeos.
Quando chegou
Aos Montes dos Gêmeos,
Que protegem cada dia
O itinerário do Sol,
Cujas cimas
Tocam a abóboda celeste
E cujos pés, abaixo,
Alcançam ao Inferno,
Sua entrada a defendiam
Uns Homens-Escorpião.
Inspiravam eles um imponente terror.
Sua só visão era a Morte
Seu espantoso brilho sobrenatural
Cobria estas Montanhas;
O itinerário do Sol.
Epopeia de Gilgamesh (tradução de J. Bottéro), Versão Ninivita, Tabua IX, II, 1-9
Mashtabalgalgal, Constelação de Gêmeos na Mesopotâmia (só duas estrelas)
Tem autor que defende que os dois grandes gêmeos homenageiam a Gilgamesh e seu amigo Enkidu.
Na época neobabilônica recebeu o nome de Simanu, junto com Orion.
Grécia
Nos Fenômenos de Arato existia, mas não tinha nenhum mito associado. Ptolomeu viu nesta constelação Apolo (junto ao Touro). Foi Eratóstenes o primeiro em colocar a relação com Castor e Polux.
Eratóstenes e os gêmeos Castor e Polux
Falam que são os Dioscuros, que nasceram e se criaram na região de Laconia, superando a todo o mundo no seu amor fraternal, pois jamais disputaram entre si nem pelo mando nem por nenhum outro motivo.
Zeus quis recompensar este estupendo testemunho de fraternidade, os transformando na constelação de Gêmeos.
O que se encontra a continuação de Caranguejo tem uma estrela brilhante sobre a cabeça e outra também muito luminosa sobre cada ombro; outra sobre o cotovelo direito e outra a mais na mão direita, outra na mão direita, uma em cada joelho e outras duas em cada pé. Somam em total de nove. Seu irmão, que está junto, tem uma estrela brilhante sobre a cabeça, outra também de intenso brilho sobre o ombro esquerdo, outra em cada mamilo dos seios , uma sobre o cotovelo esquerdo, outra no estremo da mão, uma sobre o joelho esquerdo, uma em cada pé e outra debaixo do pé esquerdo. Somam em total dez (Catasterismos)
As principais estrelas de Gêmeos, chamadas posteriormente de Castor e Pólux, eram consideradas também divindades protetoras dos marinheiros e viajantes. A Constelação era representada por duas Estrelas sobre um navio.”
Foram os gregos que criaram a figura tal como é conhecida hoje.
Vários mitos gregos associados a constelação de Gêmeos
Diz a lenda que Júpiter metamorfoseou Leda em Cisne, e ela pôs dois ovos; um deles gerou Pólux e Helena; e o outro Castor e Clitemnestra.
Quando certa vez os Argonautas (entre os quais se encontram Pólux e Castor) estavam em perigo numa tempestade, dois meteoros apareceram sobre as cabeças dos Gêmeos, acalmando-se o temporal.
Na antiguidade se identificava o fogo de São Telmo, que aparece nos mastins dos grandes barcos, com os Gêmeos.
Na Grécia foram reverenciados especialmente em Esparta, mas alcançaram sua maior fama em Roma, onde foram considerados os protetores da Cidade Eterna e símbolos do amor fraternal, sem duvida fazendo referencia aos irmãos fundadores de Roma.
Outra lenda fala que Pólux era um exímio cavaleiro e Castor grande lutador. Foram os dois que libertaram sua tia Helena, durante a guerra de Tróia. Eram ainda Castor e Pólux, os heróis de caça na Caledônia.
Outra versão, a mais bonita e alto astral, diz que a constelação de Gêmeos homenageia o amor entre os gêmeos Castor e Pólux.
Diz a lenda que Castor e Pólux eram filhos de Leda, sendo Pólux gerado por Júpiter e Castor gerado por Tíndaro, rei de Esparta, marido de Leda.
Mais ainda suas diferenças eram grandes e inseparáveis companheiros.
Os dois irmão se criaram em Esparta, destacando Castor no manejo das armas e a doma de cavalos, enquanto que Pólux se destacava como lutador (boxeador). Como heróis dóricos por excelência participam em numerosas aventuras: resgatam a sua irmã Helena raptada por Teseo e unida a Jasón na expedição dos Argonautas. Luta homicida contra dois primos por mulheres, as Leucípides, filhas de seu tío Leucipo (irmão de Tindáreo). Mas foi numa disputa por gado onde Castor morreu.
Pólux foi levado por Zeus para o Olimpo, mas se negou a permanecer nele enquanto seu irmão Castor não estivesse também. Zeus comovido com o amor de ambos, decidiu que se encontrassem a cada dois dias no Olimpo. Assim Castor passa um dia no Olimpo e dois no inferno. Outro final desta mesma lenda é que Zeus comovido com as saudades que um tinha do outro, os colocou a ambos entre os astros formando a constelação de Gêmeos, correspondendo ao desejo dos irmãos de estarem sempre juntos.
Mundo Árabe
Posteriormente foi encontrada nos catálogos e desenhos árabes como a constelação Al taw’aman, “Os Gêmeos” ou Al Burj al Jauza, “a Constelação dos Gêmeos”. Aparece em alguns mapas árabes medievais como dois pavões reais.
Egito
“Algumas inscrições egípcias representam a constelação de Gêmeos por dois brotos de plantas, mostrando sua ligação às inundações do Nilo e a época fértil, sendo por isso associada a germinação e fecundidade. Inscrições existentes no túmulo de Ramsés VI, do século XII a.C., mostram dois brotos de plantas no lugar dos Gêmeos. A semelhança desta representação encontramos, no Atlas Celeste de Bayer, Pollux armado de uma foice.
Posição no céu
A constelação de Gêmeos fica ao Norte do Equador Celeste. Vista da Terra, uma parte está dentro da Via Láctea e outra parte, fora da faixa estelar. Gêmeos se estende ao Norte e Oeste de Órion, a meio caminho entre a estrela Regulus, de Leão, e Aldebaran, de Touro.
Ao norte de Gêmeos ficam as constelações do Lince e do Cocheiro; ao Oeste Touro; ao Leste, caranguejo; ao Sul, Unicórnio e Orion. Entre 10°N e 35°N de declinação e 5 h 55 min e 8 h 5 min de Ascensão Reta. Abrange uma área de 514 graus². Gêmeos é visível entre as latitudes 90°N e 60°S
Principais estrelas e objetos
Se trata de uma das constelações zodiacais mais significativas, devido ao brilho de suas duas estrelas principais.
A constelação de Gêmeos tem o primeiro plano estelar composto de 30 estrelas: uma de primeira grandeza, Castor; duas de segunda, Pólux e alhena; três de terceira, Mebsuta, tindareo e Leda; quinze de quarta, entre elas Anfístrato e Clitemnestra; nove de quinta, entre elas febe e Eleira
O astrônomo Cassini, em 1678, descobriu que Castor era um conjunto de seis estrelas.
| Estrela | Nome | Distância | Raio | Mag. | Tipo |
| Alfa | Castor | 51,6 al | 3,7 rs | 1,56 | Binária |
| Beta | Pólux | 33,7 al | 6,2 rs | 1,15 | Binária |
| Gama | Alhena | 105 al | 18 rs | 1,9 | Binária |
| Delta | Wasat | 58,8 al | 2,9 rs | 3,5 | Binária |
| Salvar | Mebsuta | 906 al | 630 rs | 3,03 | Binária |
| Zeta | Mekbuda | 1186 al | 136 rs | 4,0 | Binária Variável |
O planeta Plutão foi descoberto próximo a Wasat em 1930, por Clyde Tombaugh.
O objeto mais luminoso de Gêmeos não é a estrela Alfa, como seria de se esperar. A classificação errônea, feita por Bayer (1572-1625), pode ter sido devido a semelhança de brilho entre ambas, ou talvez porque na época em que foram batizadas Pólux era mais luminosa que Castor. A magnitude de Zeta oscila de 3,7 a 4,2 em apenas 10 dias, sua companheira é de oitava magnitude.
Em Gêmeos se encontra o aglomerado aberto M35 (ou NGC 2188). Um amplo agrupamento de estrelas, a 2.800 anos-luz da Terra, perceptível a olho nu, como uma pálida mancha luminosa próximo a estrela Eta. Há também uma nebulosa planetária de oitava magnitude (NGC 2392) próxima a Wasat.
Nomes das estrelas:
α Gem (1.59m): Castor, “o Jinete” en griego. Foi denominada pelos árabes Al Ra’s al Taw’am al Mukaddim, “a Cabeça do Gêmos mais Próximo”. Também se lhe chamou Apolo.
β Gem (1.16m): Pólux, Pollux ou Polideuces, do griego Polluces ou Polledeuces, “o Boxeador” ou “o Pugilista”. Também Hércules.
γ Gem (1.93m): Alhena o Almeisam. Aparentemente provem do nome árabe al-Han’ah dado a pegada dos camelos, pois γ, μ, ν, η y ξ se viam como um camelo.
δ Gem (3.51m): Wasat, “medio”, de Wasat as-Sama’, “a mitade do ceu”. Tambem Melucta, Melouda.
ε Gem (2.98): Mebsuta, de Al-Mabsutah, a pata “esticada”.
ζ Gem (4.4-5.2m,v): Mekbuda, de Al-Meqbudah, “retraída”, de “pezuña retraída del león”..
η Gem (3.33m,v): Propus o Tejat Prior; Tejat: “estrela Chuvosa”.
μ Gem (2.86m): Tejat Posterior.También Calx.
Fonte:
http://www.danielmarin.es/hdc/zodiaco.htm
http://www.danielmarin.es/hdc/gemini.htm
http://curso.astrothon.com.br/links-do-curso-casa-3/
http://curso.astrothon.com.br/links-de-textos-e-videos-de-hector-othon/