O Sistema Solar
Colaboradores: Tânia Maris Pires Silva (Planetário da UFSC) e Carlos Alberto Vieira (UFSC)
As modernas técnicas de observação astronômica e a navegação espacial fazem com que o Sistema Solar esteja sendo redescoberto. Gradativamente são desvendados novos segredos dos múltiplos mundos que o compõem e a visão que se tinha de um sistema estático e bem definido não é mais possível. Novos astros vêm sendo descobertos, principalmente além da órbita de Netuno e, por isso, conhecidos como objetos transnetunianos. Dentre eles estão incluídos desde corpos pequenos como cometas, asteroides e meteoroides até corpos muito parecidos com o planeta Plutão. Assim surge uma nova concepção de um sistema “vivo” e dinâmico, que apresenta a forma hipotética aproximada de uma “bolha” permeada de matéria e energia. Ainda não existe precisão sobre os seus limites, ou seja, onde termina a atração gravitacional do Sol.
A descoberta de inúmeros corpos e muitos com características semelhantes a Plutão, fez com que surgisse, ao longo dos anos, uma fervorosa polêmica no meio astronômico acerca deste astro continuar a ser considerado planeta ou apenas um objeto transnetuniano.
A polêmica foi acirrada a partir da descoberta em 2003, de um astro bem maior do que Plutão, designado de UB313 e apelidado de Xena. A partir daí alguns defendiam a ideia de aumentar o número de planetas do Sistema Solar e outros argumentavam em favor da criação de uma nova classificação para Plutão e os demais astros parecidos com ele.
O conceito original para a palavra “planeta”, utilizado desde a antiguidade, como um astro errante ou viajante do céu, já não se adequava às novas descobertas científicas. Era urgente que se criasse uma definição científica que melhor caracterizasse o que é um planeta. Sendo assim, durante a vigésima sexta reunião da União Astronômica Internacional (UAI), entidade responsável, entre outras atribuições, pela regulamentação de nomenclaturas, classificações e definições utilizadas na Astronomia, a polêmica foi resolvida a partir da criação de um novo conceito para a palavra planeta.
A partir deste novo conceito, os planetas e outros corpos do Sistema Solar ficaram definidos em três categorias distintas:
- Planetas clássicos – “são corpos celestes que orbitam o Sol, que tem massa suficiente para ter gravidade própria para superar as forças rígidas de um corpo de modo que assuma uma força equilibrada hidrostática, ou seja, redonda e que definiram as imediações de suas órbitas”. São eles: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno;
- Planetas anões – “são corpos celestes que orbitam o Sol, que tem massa suficiente para ter gravidade própria para superar as forças rígidas de um corpo de modo que assumam uma forma equilibrada hidrostática, ou seja, redonda mas que não definiram as imediações de suas órbitas e que não são satélites.” Até o momento são considerados planetas anões: Plutão, Eris (UB303 ou Xena) e Ceres. Porém existem 12 outros corpos do Sistema Solar que estão na lista de possíveis planetas anões da União Astronômica Internacional, dependendo de mais estudos para que sejam classificados como planetas anões ou como pequenos corpos do Sistema Solar;
- Pequenos corpos – “todos os outros corpos que orbitam o Sol, que não sejam satélites, serão referidos coletivamente desta forma”.
O Sistema Solar em escala
O Sistema Solar é constituído por astros extremamente diferenciados entre si. Apresentam peculiaridades individuais e estão situados em órbitas bastante distanciadas umas das outras. As publicações didáticas ao tratarem deste tema, apresentam desenhos esquemáticos completamente distanciados da realidade. Os diâmetros de seus astros bem como as distâncias entre eles são apresentados fora de escala, passando uma imagem muito aquém do que seja nosso Sistema Planetário. Se fosse possível visualizarmos o Sistema Solar de longe, perderíamos a noção de seus detalhes.
Sendo assim, a melhor forma para concebermos o Sistema Solar, é caracterizá-lo em seus diferentes aspectos por meio da construção de modelos didáticos em escala. Ainda que parcialmente, os modelos induzem a uma construção mental de nosso Sistema Planetário.
Com os dados das tabelas a seguir, é possível a representação do Sistema Solar em escala, mostrando as distâncias médias entre os planetas e o Sol bem como os diâmetros equatoriais de cada planeta e do Sol. Para representar as distâncias, pode-se utilizar um barbante com o comprimento de 1.015cm (10,15m) que é a distância que ficará Éris, do Sol conforme a escala e, ao longo dele marca-se as demais posições de cada planeta. Quanto aos diâmetros, recorta-se em cartolina ou papel cartão o Sol e os planetas. Em seguida pode-se pintá-los conforme as cores aproximadas de cada um: O Sol: amarelo; mercúrio: amarelo; Vênus: azul claro com rajadas brancas; Terra: azul mais escuro com rajadas brancas; Marte: vermelho claro; Ceres: bege; Júpiter: alaranjado; Saturno, amarelo; Urano: verde; Netuno: azul; Plutão: gelo e Éris: cinza. Os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, possuem anéis, sendo os de Saturno mais extensos. Os anéis podem ser confeccionados com placas de isopor e fixados ao planeta com arames.
DISTÂNCIAS MÉDIAS DOS PLANETAS AO SOL |
||
Planetas | Distância média ao Sol (km) |
Distância ao Sol Escala: 1cm = 10 milhões de km |
* Mercúrio |
57.910.000 |
5,8 |
* Vênus |
108.200.000 |
10,8 |
* Terra |
149.600.000 | 15 |
* Marte |
227.940.000 | 23 |
** Ceres |
414.000.000 |
41 |
* Júpiter | 778.330.000 |
78 |
* Saturno | 1.429.400.000 |
143 |
* Urano | 2.870.990.000 |
287 |
* Netuno | 4.504.300.000 |
450 |
** Plutão | 5.922.000.000 |
592 |
** Éris | 10.149.000.000 |
1.015 |
DIÂMETROS EQUATORIAIS DOS PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA SOLAR
Astro | Diâmetro equatorial (km) | Diâmetro do astro sendo Júpiter igual a 30cm |
Sol | 1.390.000 | 291cm |
Mercúrio | 4.879,4 | 1cm |
Vênus | 12.103,6 | 2,5cm |
Terra | 12.756,2 | 2,7cm |
Marte | 6.794,4 | 1,4cm |
Ceres | 914 | 0,2cm |
Júpiter | 142.984 | 30cm |
Saturno | 120.536 | 25cm |
Urano | 51.118 | 10,7cm |
Netuno | 49.538 | 10,3cm |
Plutão | 2.320 | 0,5cm |
Éris | 3.094 | 0,6cm |
Lua | 3.476 | 0,7cm |
Outras considerações
Pequenos corpos:
Cometas são corpos em geral pequenos e leves, formados por gelo, poeira e gás que orbitam o Sol descrevendo órbitas mais alongadas (elípticas) e inclinadas em relação às dos planetas.
Asteróides são pequenos corpos rochosos, com formatos irregulares e que orbitam o Sol em maior quantidade entre as órbitas de Marte e Júpiter e além do Planeta Netuno.
Meteoróides são pequenos fragmentos que orbitam o Sol, permeando todo o Sistema Solar. Quando atraídos pela Terra provocam, pelo atrito com a atmosfera, rastros luminosos no céu noturno. São conhecidos como meteoros ou, popularmente, estrelas cadentes. A maioria deles queima na atmosfera. Apenas os maiores chocam-se no solo, podendo formar crateras de impacto e quando encontrados na superfície são chamados de meteoritos.
Qual é o planeta mais próximo da Terra (e por que a resposta pode surpreender você)
O planeta que está mais próximo da Terra não é necessariamente o que você aprendeu na escola, uma vez que as distâncias entre eles mudam por causa das órbitas em torno do Sol.
Marte ou Vênus?
Independentemente do que você aprendeu na infância, não há uma única resposta para a pergunta, porque as distâncias entre os planetas estão mudando.
De fato, embora Marte e Vênus sejam sempre representados como vizinhos da Terra – um de cada lado – em determinados momentos nenhum deles é o mais próximo do nosso planeta.
Isso foi revelado recentemente pelo programa de rádio More or Less, da BBC Radio 4, dedicado a analisar números e estatísticas da vida cotidiana.
Foi um ouvinte do programa que escreveu pedindo esclarecimentos, após assistir a um programa de televisão da BBC, que dizia que Marte era nosso vizinho mais próximo.
“Certamente é um erro”, disse Graham Sherman, convencido de que a resposta correta era Vênus.
Distância dos planetas
A verdade é que cada planeta tem um ritmo diferente de órbita – a jornada dos planetas ao redor do Sol.
Isso significa que as distâncias entre eles estão mudando.
Para calcular que planeta realmente passa mais tempo perto da Terra, você precisa fazer uma média.
Foi exatamente isso que o programa More or Less fez, com a ajuda do especialista em estatísticas Oliver Hawkins.
Hawkins conseguiu estimar que planeta estava mais próximo da Terra a cada dia dos últimos 50 anos.
Assim ele conseguiu calcular qual foi o planeta que passou, em média, a maior parte do tempo como nosso vizinho mais próximo.
A resposta vai surpreender você…
Foi Mercúrio.
“Como isso é possível?”, você deve se perguntar.
Para explicar, a BBC procurou David A. Rothery, professor de geociências planetárias da Open University, no Reino Unido.
Questão de tempo
“A ordem dos planetas, a partir do Sol, é: Mercúrio, Vênus e Terra, mas quando Vênus está do outro lado do Sol, fica muito longe de nós”, explica Rothery.
A órbita de Vênus faz deste planeta o que pode chegar mais perto do nosso, seguido por Marte quase empatado com Mercúrio, na segunda posição. Mas também observe que o planeta vermelho fica muito próximo da Terra, em relação a possível maior distância de Vênus à Terra quando se encontra do outro lado do Sol.
“O planeta que se mantem mais tempo perto da Terra, por mais tempo é Mercúrio”. Nesse período que Mercúrio está mais perto da Terra, os planetas Vênus e Marte estão mais longe da Terra em relação a Mercúrio, por exemplo quando estão do outro lado do Sol em relação à Terra.
As estatísticas provam isso claramente: no último meio século, o menor planeta – e mais próximo do Sol – Mercúrio foi o mais próximo da Terra 46% do tempo.
Vênus aparece em segundo lugar: ele passou 36% do tempo como nosso vizinho mais próximo.
Por outro lado, o planeta vermelho, Marte, que muitos supõem ser o mais próximo da Terra, estava nesta posição apenas 18% do tempo.
Por que a confusão?
Talvez a confusão sobre a proximidade de Marte tenha a ver com o enorme interesse que este planeta despertou nos últimos anos entre as agências espaciais, especialmente a Nasa.
Mas por que se fala tanto em fazer viagens a Marte se Vênus está, de fato, a uma distância menor e Mercúrio acaba passando mais tempo ao nosso lado?
A razão, segundo Rothery, não tem nada a ver com as distâncias, mas com as características de cada planeta.
“Marte é um lugar que poderia abrigar vida e sua superfície não é muito quente. Uma nave espacial poderia operar lá por um longo tempo”, disse.
“Por outro lado, se você pousar em Vênus, é muito quente, porque a atmosfera densa retém o calor”.
Mercúrio, o próximo desafio
Quanto a Mercúrio, é mais complicado. E não é porque é o mais quente (na verdade, Vênus é mais quente, apesar de estar mais longe do Sol).
“É o planeta mais difícil de alcançar porque quando você vai para Mercúrio você se aproxima do Sol e vai ganhando velocidade (…) o que torna mais complicado entrar na sua órbita”, diz o especialista.
Apenas duas missões espaciais conseguiram isso até agora: a Mariner 10, em 1974 e 1975, e a sonda Messenger, em 2004, ambas da Nasa – o que torna Mercúrio o planeta menos explorado do nosso Sistema Solar.
Mas Rothery faz parte de um grupo de especialistas que busca uma terceira viagem exploratória a Mercúrio.
Em outubro passado, as agências espaciais da Europa e do Japão lançaram em conjunto a terceira missão da história para esse planeta: a Bepi Colombo, prevista para chegar a Mercúrio em 2025.
Estima-se que a sonda levará sete anos para entrar na órbita de Mercúrio, devido aos problemas de aceleração mencionados pelo especialista.
Talvez possamos finalmente aprender mais sobre nosso vizinho enigmático.